Pessoas, pessoas..

E quem sabe eu não preciso de um amigo, alguém para partilhar as dores. Nem sempre escrever é o suficiente.
Escrever é o resultado de pensar em coisas que não sei bem de onde vem ou pra onde me leverão, é o que se faz quando não se consegue dizer com a voz o que fica preso na garganta e me faz pensar no porque de tantas coisas, perguntas sem resposta, entradas sem saídas.
Eu ja tive dias melhores, já pensei em coisas que me deixassem melhor, curti momentos que com certeza serão inesquecíveis então porque algumas coisas simplesmente parece que não se resolvem e nunca terão solução?
Talvez tudo o que eu precise é tirar da cabeça coisas pessoas que não podem estar comigo nesse momento, pessoas que eu gostaria de dizer coisas, de sentir coisas por elas, mas não consigo me prender a coisas que não posso ver. Só sentir é muito abstrato, muito fora de tudo o que eu acredito; longe demais para serem minhas, perto demais para não me apaixonar por elas.
A mania de me apaixonar por todas as coisas e pessoas, por boas conversas, dias nublados, filmes que nunca retratam a realidade (a vida não imita a arte). Sou extremamente apaixonada por todas as coisas que me cercam, mas o que me prova que elas são reais e merecem que eu me apaixone por elas?
Eu tenho amigos que não posso abraçar e amores que nunca serão amores. Fatos são fatos, imutáveis e por muitas vezes desanimadores. Fatos são fatos e pessoas são só pessoas, elas não se apegam aos momentos muito menos se lembram do que deveriam lembrar (mas o que deveriam lembrar mesmo?). Vai me dizer que você se lembra de quando alguém disse o quanto queria estar com você naquele momento, ou quando você teve uma noite ótima falando bobagens com alguém que mal conhecia mas naquele instante parecia que sempre a conheceu, como se ela tivesse algo seu, como se sempre estivesse ali. Mas não estava ou pior, estava e você nunca se deu conta.. era só mais uma pessoa como você e nunca daria tempo de reparar que ela estava ali pois você estava ocupado com outras coisas mais importantes, coisas que hoje você vê que de importantes não tinham lá muita coisa.
Coisas são coisas e nós somos nós e nem sempre as coisas podem estar conosco ou vice-versa.

Hoje eu prometo não me importar com nada disso, não faz sentido se apegar a amigos que estão em Manaus ou se apaixonar por coisas que estao três fronteiras a minha frente, são só pessoas e se eu desaparecer por alguns dias elas simplesmente esquecem que um dia eu estive na vida delas. E vice-versa.
Fico imaginando quando essa sensação vai passar e chego a conclusão de que não passa, eu simplesmente me acostumo e convivo com ela, para um dia perceber que ela já não tem tanta importância. Que diferença faz ter um amigo em sorocaba ou no japão? Eu nunca saberei como ele me olha, as caras que faz, as manias. Nunca pegarei manias dele ou completarei as frases dele, se torna tão abstrato que fica impossível.
Nós gostamos do cheiro das coisas, da voz das pessoas, do toque, da manha, da birra. De ver um por do sol num lugar bonito e beber uma cerveja pra esquecer um dia difícil, mas quando se está longe isso fica só na imaginação e ver não é suficiente, é preciso olhar, enxergar, perceber cada detalhe e não deixar que a memória nos traia e nos faça esquecer algo.

E as pessoas que eu posso tocar são tão abstratas que eu não faço questão que estejam aqui.
No fim das contas a esperança é o que me faz suportar tudo isso, esperança de um dia tocar aqueles que me querem bem, que gostam de estar comigo. Pessoas com quem eu compartilharia todas as coisas mesmo que não fizessem o mínimo sentido, elas é o que me fazem sonhar com dias melhores e enquanto esse dia não vem eu fico aqui sentada contando estrelas pela janela do quarto e imaginando o que pode acontecer nos próximos segundos.
Mais um vez eu senti o vazio chegar, mas hoje eu prometo não me importar com ele.