27 de novembro.

Acordei com uma imensa vontade de fumar, até parecia que era o meu último minuto de vida e eu precisava de um cigarro para fechar com chave de ouro tudo isso que eu por costume chamo de vida. Estiquei o braço e fui tateando a cômoda a procura do maço de cigarros amarrotados (como de costume) e o isqueiro amarelo de estimação, acendi um cigarro e o bem estar foi rápido pra não dizer instantâneo.
Olhei no espelho, estava mais feia do que de costume. Olheiras, espinhas, cabelo bagunçado... parece até que havia envelhecido 10 anos em apenas uma noite. Cara, que tenso eu estava velha e acabada nada ia me ajudar a melhorar isso a tendência das coisas é sempre piorar.
Sentei na escada, o dia estava cinzento, pesado, parecia que a chuva se aproximava mas não era isso algo estava acontecendo e eu não conseguia saber o que e isso me deixava intrigada e me fazia ficar mais nervosa (novas rugas começavam a surgir haha). Olhei ao redor e procurei algo que me fizesse entender o que estava acontecendo naquele momento, o que era tão diferente assim no dia de hoje e meus olhos encontraram o calendário.
27 de novembro.
Os olhos encheram de agua, tudo o que eu tinha planejado já não fazia mais sentido. Desliguei o telefone, o computador, a televisão. Tranquei a porta, fechei as janelas e deitei no sofá. Não saí, não comi, não dormi, só fiquei ali mais da metade do dia e não senti vontade de me mover dali, não tinha o menor sentido levantar e fazer algo.
Marmorizada aparentemente, chorava lágrimas amargas e secas de quem perdeu aquilo que mais precisava, o que dava ânimo para levantar e seguir em frente diante de todas as adversidades do delírio cotiano que acontecem invlountariamente. Nas horas que se seguiram fiquei mergulhada em lembranças e pressentimentos, não havia o que fazer o jeito era esperar pois tudo passa e isso também haveria de passar alguma hora, sempre passa.
O mais interessante é que quanto mais tempo passa, mais eu me sinto estranha, mais me sinto triste, culpada, vazia. Me faz falta. Como se fosse parte minha.


"Sentir você é arriscado e irreal.
Meus olhos traem meus disfarces, MEI. Um beijo seco de gosto amargo que não engana a ninguém, devido ao meu do perder o que nunca foi seu.
(...) Sombras raras de emoção, horas vagas sem vida quando fui sem direção desde a sua partida. Não consigo entender porque tem que ser assim..."